sexta-feira, 25 de maio de 2012

Estudante de Itapetininga, SP, vai representar a região no 'Rio +20'

O 'Rio +20' discutirá meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.
Jorge Saito desenvolveu um projeto para o transporte de contêineres.

Eduardo Ribeiro Jr. Do G1 Itapetininga e Região
O Trabalho de Conclusão de Curso das faculdades, chamado de TCC pelos alunos, é o projeto final realizado no último ano do curso para avaliar se o estudante está apto ou não para se formar. É nesse trabalho que o aluno, praticamente, aplica todo o conhecimento adquirido durante os anos de estudo. Para muitos, é um momento de tensão, estresse e muita dor de cabeça. Mas para um aluno de Itapetininga (SP), o TCC é motivo de muito orgulho.
Jorge Saito, de 64 anos, é estudante do curso de Comércio Exterior da Faculdade de Tecnologia de Itapetininga (Fatec) e teve o seu projeto aprovado para ser apresentado no "Rio +20", evento mundial que será realizado no Rio de Janeiro para discutir medidas ambientais e o desenvolvimento sustentável. O projeto de Saito, chamado de "Novo Modal de Transporte de Contêineres por Gravidade pelo Teleférico", é uma alternativa no transporte de contêineres entre a região de Itapetininga e um porto que precisaria ser construído na região litorânea.
Com o uso desse teleférico especial, Saito explica que usaria da própria lei da física, a cinética e potencial, para promover o transporte, ou seja, enquanto um contêiner desce, a força gerada é usada para subir outro, usando assim pouca energia elétrica. "Assim, poderíamos aproveitar o uso das energias solar e eólica, que são menos poluentes", relata. Além de consumir pouca energia elétrica, comparado com motores para puxar a carga, a instalação seria menos depredatória que a abertura de novas rodovias ou ferrovias, já que não precisaria desmatar. "É necessário apenas a instalação das torres, o que evitaria grandes áreas desmatadas", explica o aluno.
A ideia de Saito seria a construção de um porto seco na região de Itapetininga/São Miguel Arcanjo, no trecho que fica no topo da serra, conhecida como Serra da Macaca, e um ponto para carga e descarga na região entre Registro e Sete Barras, também no interior de SP. Segundo o estudante, o trecho em linha reta chega a 10 km. Pela rodovia existente (SP-139), segundo ele, é algo em torno de 40 km de extensão. Para a instalação das torres, seria possível usar a própria rodovia, evitando o desmatamento. Com esse sistema proposto por Saito, além de ser um transporte sustentável, desafogaria o tráfego pesado de caminhões usados para o transporte de contêineres na região da grande São Paulo e também no porto de Santos.
Apesar de ser estudante, Jorge Saito é aposentado e formado em engenharia civil, com pós-graduação na área ambiental. Ele conta que trabalhou por seis anos em Santos, período em que percebeu que algo precisava ser feito para aliviar o trânsito de caminhões e contêineres por lá.
O avisoSaito conta que no começo do ano assistia ao jornal na GloboNews quando viu a informação do "Rio +20", informando sobre cadastro de projetos sustentáveis. Não hesitou em mandar o seu projeto de TCC. Em março foi surpreendido ao receber um email dizendo que seu projeto estava sendo analisado. Há duas semanas, a grande notícia chegou informando que seu trabalho havia sido escolhido para ser apresentado no evento. "A satisfação foi imensa. É como ganhar o Oscar", conta com alegria.
Ele diz que apenas 23 projetos de todo o Brasil foram escolhidos para exposição no evento. Desses, somente dois são de faculdades. O 'Rio +20' será realizado entre os dias 11 e 24 de junho, tendo sendo ponto forte entre os dias 20 e 22, quando líderes mundiais se reunião para discutir políticas de sustentabilidade e responsabilidade ambiental.
O projeto
Rascunho do projeto de transporte de contêineres (Foto: Jorge Saito / Arquivo Pessoal)Rascunho do projeto de transporte de contêineres.
(Foto: Jorge Saito / Arquivo Pessoal)
O engenheiro conta que a tecnologia já existe. "Tem uma empresa na Alemanha que é muito forte na produção de teleféricos desse tipo", mas conta que a forma que usará o equipamento é inovador. "Para estar no 'Rio +20' tem que ser um projeto sustentável e inovador", completa.
Segundo ele, no início, os portos secos ainda seriam abastecidos pelo transporte rodoviário, mas o objetivo é acrescentar o transporte ferroviário e, futuramente, usar apenas esta segunda opção.
No teleférico, seriam 200 containers transportados a cada 40 minutos, sendo 100 para descer a serra, enquanto outros 100 sobem. Além de todos os benefícios, o projeto traria desenvolvimento econômico para a região do Vale do Ribeira, região pouco explorada economicamente, e também, benefícios para o sudoeste paulista, pois Itapetininga fica a 165 km da capital, o que desfavorece a região. Ele lembra que o projeto tiraria de circulação apenas caminhões que transportam contêineres, focando assim na importação e exportação, e diminuiria o fluxo de tráfego pesado.
O desnível do topo da serra até a região de Registro/Sete Barras, é de aproximadamente 700 metros, informa Saito.
PatrocínioO estudante está agora atrás de patrocínio para poder viajar e se hospedar no Rio de Janeiro. Ele diz que terá que montar um estande onde irá expor uma maquete que tem do projeto. Também vai montar projetores para mostrar detalhes do trabalho. Na faculdade, todos estão felizes por ele. "Os professores estão me apoiando muito e até estão fazendo uma 'vaquinha' para me ajudar", conta.
Jorge Saito diz estar preparado para o evento, que atrairá gente de todas as nacionalidades. "Eu falo japonês, mandarim, inglês, francês, espanhol, e claro, o nosso português", finaliza.
Jorge Saito e sua maquete (Foto: Jorge Saito / Arquivo Pessoal)O estudante Jorge Saito e sua maquete do teleférico que será exposta no 'Rio +20'. (Foto: Jorge Saito / Arquivo Pessoal)

Nenhum comentário:

Postar um comentário